quarta-feira, 28 de março de 2012

AngioTC de coronárias na Dor torácica aguda!!!!

Neste semana tivemos acesso a dois importantes trabalhos avaliando a angiotomografia de coronárias na avaliação da dor torácica aguda de baixo risco. O primeiro foi o estudo ROMICAT II, apresentando ontem no congresso da ACC. O segundo foi o estudo ACRIN-PA  também apresentando no ACC e publicado esta semana no New England Journal of Medicine. Ambos os estudos avaliam a utilização da AngioTC de coronárias versus a abordagem padrão para avaliação de pacientes com suspeita de SCA de baixo risco. 


Os estudos demonstraram que a angioTC reduziu o tempo de internação hospitalar e no pronto-socorro, aumentando a eficiência no diagnóstico sem aumento de custo total.


Abaixo segue o resumo do estudo ROMICAT II apresentando no ACC (fonte: Cardiosource em Português (http://congresso.cardiol.br/acc12/artigos.asp?Id_noticia=59)


ESTUDO ROMICAT II



INTRODUÇÃO
Dor torácica sugestiva de insuficiência coronária aguda continua sendo uma das queixas mais freqüentes em pacientes na emergência. Nos Estados Unidos, aproximadamente, 6 milhões de pessoas comparecem anualmente aos serviços de emergência com queixa de dor torácica. Apesar de muito comum, somente uma pequena parte deles apresenta doença coronária aguda ou outro problema cardíaco significativo, levando a um grande volume de internações desnecessárias. Segundo as rotinas atuais de tratamento, esses pacientes são observados no hospital por um ou dois dias quando se submetem a uma série de exames, incluindo testes para pesquisa de isquemia miocárdica. Apesar de cautelosamente avaliados, alguns pacientes ainda recebem alta hospitalar com insuficiência coronária aguda, apresentando eventos cardíacos na evolução. O uso da angiotomografia coronária pode abreviar a internação hospitalar ao excluir rápida e diretamente a presença de placas ateroscleróticas na circulação coronária e aumentar a acurácia diagnóstica. O objetivo do estudo ROMICAT II (Rule Out Myocardial Ischemia/Infarction Using Computer Assisted Tomography) foi avaliar se uma abordagem por meio da angiotomografia coronária em pacientes com dor torácica sugestiva de síndrome coronária aguda nos serviços de emergência poderia ser superior à avaliação tradicional ao reduzir a permanência dos pacientes na emergência e os custos hospitalares.
MÉTODOS
O estudo ROMICAT II incluiu pacientes entre 40 e 75 anos de idade com dor torácica ou equivalente clínico com duração de mais de 5 minutos nas 24 horas anteriores à apresentação hospitalar, porém, sem alterações eletrocardiográficas ou elevação de marcadores de necrose miocárdica. Esses pacientes de baixo ou moderado risco foram randomizados para avaliação por angiotomografia coronária ou por procedimentos padrão na emergência, incluindo a realização de eletrocardiogramas e coleta de marcadores seriada, além de teste de isquemia miocárdica. O desfecho primário do estudo foi o tempo de permanência hospitalar. As metas secundárias de eficácia foram eventos adversos cardíacos aos 28 dias, SCA não-diagnosticada depois de 72 horas da alta hospitalar, e complicações periprocedimento. Metas secundárias de eficácia incluíram tempo até o diagnóstico, alta hospitalar direta do serviço de emergência, custos da internação e exposição cumulativa à radiação.
RESULTADOS
O estudo ROMICAT II incluiu 1000 pacientes com idade média de 54 anos. Cerca de 46% deles era do sexo feminino e a principal queixa foi de dor torácica (89%). O tempo de permanência no hospital foi significativamente menor nos pacientes estratificados por tomografia (23,2 ± 37,0 horas vs. 30,8 ± 28,0 horas; P=0,0002) (Fig. 1). O tempo até a exclusão do diagnóstico de SCA também foi menor no grupo submetido a angiotomografia (17,2 ± 24,6 horas vs. 27,2 ± 19,5 horas; P<0,0001). O tempo até o diagnóstico de SCA foi igual entre os grupos.
Em relação às metas de segurança, não houve qualquer diferença entre os grupos, inclusive em eventos adversos ocorridos em 28 dias (0,4% no grupo angiotomografia e 1,0% no grupo de abordagem tradicional; P=0,37).
No grupo estratificado por angiotomografia houve um aumento significativo dos pacientes que receberam alta hospitalar diretamente da emergência (46,7% vs. 12,4%; P=0,001). O uso de testes diagnósticos foi maior no grupo tradicional, mas, os pacientes submetidos a angiotomografia também realizaram mais angioplastias.
Apesar do custo mais elevado associado à realização de angiotomografia, os custos globais foram muito similares entre os dois grupos (4,004 ± 6,907 vs. 3,828 ± 5,289; P =0,72).
CONCLUSÃO e PERSPECTIVAS
Em pacientes com dor torácica sugestiva de SCA, a utilização de uma estratégia de avaliação que incorpora a angiotomografia precoce é capaz de reduzir a permanência hospitalar e o tempo até o diagnóstico, aumentando as taxas de alta diretamente da emergência sem perda diagnóstica e sem aumento do custo comparado à abordagem tradicional


quinta-feira, 15 de março de 2012

CE-MARC - Ressonância vs. SPECTvs. Cate

No início do ano foi publicado na revista LANCET o artigo Cardiovascular magnetic resonance and single-photon emission computed tomography for diagnosis of coronary heart disease (CE-MARC): A prospective trial. Lancet 2011;6736(11)61335-4


Trata-se de um importante estudo prospectivo avaliando a acurácia da ressonância magnética para o diagnóstico de estenose coronária significativa detectada pelo cateterismo cardíaco e a sua comparação com o SPECT. Trata-se do maior estudo prospectivo envolvendo os 2 métodos numa população de risco intermediário e seus resultados repercutiram fortemente nos congressos deste início de ano, e não deverá ser diferente no ACC 2012, em Chicago.


Neste estudo, verificou-se a maior acurácia diagnóstica da RM em relação ao SPECT para detecção de estenose > 70% pelo cateterismo, com área sob a curva ROC de 0,89 (IC 95% 0,86 - 0,91) versus 0,74 (IC 95% 0,70 - 0,78), p<0,001. Resultado semelhante foi obtido para o diagnóstico de estenoses > 50% : AUC de 0,84 (IC 95% 0,81 - 0,87) para a ressonância versus 0,65 (IC 95% 0,65 - 0,73) para o SPECT, p<0,001. Tal diferença na acurácia se deveu especiamente pela maior sensibilidade da RM (86,5% para a RM vs. 66,5% para o SPECT), muito em virtude de sua maior resolução espacial.


Este estudo, publicado em uma rvista de alto impacto, reforça o valor da Ressonância Magnética para a detecção de isquemia. Sua alta capacidade diagnóstica, somada ao valor prognóstico fornecido pelo realce tardio (comprovado por diversos estudos), colocam o método como excelente ferramenta para investigação e avaliação da cardiopatia isquêmica.